quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Ah, como eu queria!


Eu queria, aah sei lá. Conhecer lugares novos e pessoas diferentes. Mudar uma vida inteira, ser importante para alguém, ser diferente, fazer o bem. Queria experimentar sabores diferentes, ver paisagens mais bonitas, conhecer uma cultura rica.
Eu queria mesmo é desaparecer, evaporar. Sem ninguém pra me preocupar, sem nada pra fazer. Eu sei, isso pode parecer morrer. Não, eu não quero morrer. É tão confuso as vezes me entender.
 Então eu fico aqui vendo na televisão um reporter sensacionalista que derrama sangue nas vistas de todo o país.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Devaneio do Retrocesso


Essa noite sonhei que estava deitada nas asas de uma borboleta gigante, olhando o céu tardar rosa enquanto folhas verdes caiam no meu rosto, e algumas menores embaraçavam junto ao meu cabelo.

Dez da manhã- ATRASADA - relógio não despertou  

Olho no espelho e desejo nunca ter me conhecido e nunca ter conhecido esse mundo. Mundo urbano, sujo, deteriorado, esgotado, doente. Mundo, cidade cinza, pessoas tomando sol no asfalto enquanto outras praticam um assalto e sabe lá se alguém do outro lado do mundo está cometendo uma loucura chamada amor. Amor? Existe amor no planeta Terra? Se existir ele acontece menos do que qualquer crime. Porque? Porque o ser humano se tornou tão odioso. Então desisto dos meus devaneios, escovo os dentes, tomo meu café amargo e saio pra trabalhar como se o sonho da noite passada nunca tivesse existido.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Karina


Numa vida surreal onde o álcool impedia a disritmia e a escrita a libertava, Karina nunca deixava de sonhar. A dias acordará num mundo onde a vida era eterna. A eternidade da vida não fazia ela renovável, com baixo numero de natalidade não existia números que constatassem mortes.
Uma população de idosos e seus andadores a irritava por ser jovem em um universo de gente velha e sábia, onde escolhas eram tão pensadas e perfeitas que chegavam a ser utópicas. Ninguém a compreendia e a dose de vinho barato a fazia melhor por uma noite.
 Quando novamente acordava já estava em outro mundo onde a vida era renovável mas durava uma década, novamente não encontrava ninguém jovem , mais uma vez ela encherá a cara até cair e adormecer pela confusão que lhe fazia ser jovem e velha demais.
Karina transitava entre dois mundos onde ninguém a entendia e só a bebida lhe confortava, não sabia se estava viva, não sabia se era uma personagem delirante de outra mente ou se em algum universo paralelo estava em coma e aquele era o seu mais profundo pesadelo.
Então Karina escrevia em seu caderno cor de laranja esperando que a vida ficasse branca, clara, como um dia de sol. As vezes bebia tanto que no dia seguinte não conseguia ler o que escreverá na noite passada, mas era um prazer escrever e beber, era um prazer para esquecer.
Mas o que Karina esquecia era de ler tudo que escreverá até o exato momento e continuava a se perder entre o surrealismo que era sua mente. Parecia um labirinto gigante o que se passava dentro dela, com paredes feitas de revolta, chão acolchoado e macio, e o céu? O céu era branco e límpido como sonhava que deveria ser a vida.
Enquanto viajava de lá pra cá nesse universo percebeu a importância que seu caderno teria para resolver o mistério que se passava em sua cabeça. Antes de beber ou de escrever, apenas prestou atenção em si e no que tinha escrito. Quanto mais Karina lia mais ela entendia que para encontrar o equilíbrio entre os dois universos era os entender e então um terceiro universo equilibrado apareceria em sua mente e lá ficaria de vez.
Assim que terminou de ler, constatou que eternidade estaria em se arriscar em todas as oportunidades, fazer tudo valer a pena e fazer de uma vez, e que a vida era um segundo que passava bem rápido se mal aproveitada.
Karina não precisou mais beber, ela agora só precisava escrever para homenagear a vida passar num tempo comum, onde existiam crianças, jovens, adultos e idosos. Finalmente se sentiu em casa e descansou embaixo da árvore enquanto o sol queimava no céu azul e límpido.

domingo, 8 de julho de 2012

Sintaxe à Vontade

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Eu Diferente de Nós


Nunca achei que sofreria tanto com quem sou. Sempre estive segura de que era uma pessoa boa.
E de tão segura que eu era, achei que poderia fazer alguém mais feliz, mas até então não existia alguém .
Um dia aconteceu de eu saber que amava alguém mais do que eu, mais do que o mundo, colocaria minha mão no fogo, cegaria os meus olhos, mas sabia que amaria eternamente e que confiaria o mesmo tanto. De repente quem sou falou mais alto, o conceito de quem eu era ou talvez ainda seja.
Alguém egoísta? eu nunca teria percebido meus defeitos se não tivesse te conhecido e se não os tivesse usado para te machucar, eu nunca saberia que mudar é nescessário quando ha falhas no meu caráter.  Mesmo quando eu não tinha mais esperanças em mim você as tinha. 
Porque pessoas fracas sempre precisam de pessoas mais fortes para se apegarem? Como se a salvação do ser estivesse tão eminente no outro.
É ruim ver tudo que você mesmo causou, a jaula que se enfiou e a situação que nos coloquei. 

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Desespero


É um sentimento de desespero, desapego, tristeza, de ter mais do que se pode.
Faz de mim um ser mais pobre, me sinto cada dia mais longe de você.
E nessa situação que nos coloquei o mais irônico é que eu não aguento mais vivê-la.
Vivo no arrependimento que comecei a cultivar cedo, vivo na amargura do arrependimento.
Onde eu me encontro eu não sei, só sei que não consigo mais te ver e ouvir, pois na minha cabeça está tudo retorcido.
Eu não me lembro do que eu senti antes para estar aqui, sei que foi forte.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

A Caixa


Cai na armadilha, sem celular, sem chaves e sem dinheiro. Comigo estavam apenas minhas roupas e um grampo de cabelo.Acordei em uma caixa de vidro suspensa no ar enquanto o mundo passava lá embaixo, ali eu ficava. Estranho era não precisar de comida ou água para continuar num estado de sobrevivência. Nem meu celular estava ali para chamar alguém, o superman poderia ser qualquer um, afinal, é sempre mais fácil pra quem está de fora ver a solução. Quem está dentro complica tudo, não vê solução em nada
pois sabe da dificuldade de cada escolha, e parece que cada perca com cada escolha faz de tudo um pouco mais temperado, mais amargo e mais sofrido. Não havia nada que eu poderia fazer, eu via a vida passar e ficava ali esperando alguém chegar, e eu ficava esperando alguém que nunca chegaria, e fiquei esperando, até a eternidade.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Tudo que Ficou em Algum Tempo Perdido


Sentir falta de alguém, que ficou tão enraizado na sua mente e no seu coração.

Todas as palavras ditas foram guardadas e arquivadas, inclusive as ruins.
Todos seus abraços apertados foram desafrouxando com o tempo
Todos os beijos dados foram simplesmente se afastando.
Todo carinho foi desfeito em lágrimas e machucados que ainda doem.
Tudo se foi, todas as coisas que hoje sorrio ao lembrar estão tão distantes. E eu só quero voltar a 1 ano e meio e dar o melhor de mim.
Fico aqui me remoendo e tentando concertar o que não tem mais concerto, e talvez também sem razão para existir.
Mas eu posso lhe garantir que amei-te intensamente e como o troco sofri de mesma igualdade.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

O Eterno Turista


Há muito tempo eu vivia integrada a um grupo social, amigos, bebidas, festas, paqueras, piadas, etc. E de certa forma eu me sentia em casa, eu me sentia livre para ser o que eu era, e dificilmente algo me aborrecia, dificilmente você me veria com cara de quem está com fome.
Chegava em casa e me sentia parte da família, conversas, sinceridade, companherismo,  piadas, enfim familia. E me sentia bem, como se nada pudesse me atingir enquanto estivesse em casa, e se me atingisse eu poderia recorrer a quem sempre me deu apoio e carinho.
Então eu te conheci e muitas coisas mudaram na minha vida, começaria a perceber que eu conseguiria ser realmente quem eu sou, somente contigo. Felicidade tamanha crescia dentro de mim quanto mais te conhecia e quanto mais eu me mostrava, eu não me sentia em casa, eu não me sentia integrada a um grupo social, eu só me sentia livre para ser quem eu era. Mas como toda história tem um fim, você se foi e eu fiquei aqui, esperando e esperando.
Já não sei mais como ser na frente dos outros, eu já nem sei mesmo quem eu sou. Não sei mais manter uma conversa com alguém, nem mesmo com a minha família.
Tenho meus amigos, tenho minha família, eu venho, eu vou, mas não existe nenhum lugar como ao seu lado, não existe nada mais confortante do que seu abraço, nada melhor do que seu sorriso ao acordar.

domingo, 22 de abril de 2012

Das Minhas Pequenas Lembranças


Deitada, no escuro, olhando para a parede, enquanto o alto-falante do celular toca Chico Buarque. Não ouço a porta de  seu quarto abrir, mas noto a sua presença. Ele deita do meu lado, de conchinha. Silêncio, apenas o silêncio.  Depois de algum tempo pergunta se estou ouvindo Samba, digo que sim. Permanece do meu lado, passa o braço pela minha cintura e ali permanece por um tempo. Levanta-se, e vai para o seu colchão. Enquanto em silêncio eu também imploro ‘Fica, por favor, não vai’. Não durmo a noite inteira, em algumas horas eu quem tive de ir, pra sempre.  Seguir em frente? Eu consigo? Você não me ensinou a partir.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Morria, dia após dia


Pela vidraça a mulher idosa passava todas as tardes ociosas de sua aposentadoria, todo dia ás quinze para as seis da tarde observava a correria da cidade que arde naquele verão. Olhava tanto pela janela, que poderia dizer que a janela eram os olhos de sua alma. Curioso um jovem que sempre passava pensava ‘porque tal senhora perde tempo com a cidade cinza que contrasta com a cor da pele brasileira, alaranjada’.  Sem nenhuma resposta o interlocutor que vos fala contara o que se passa por baixo de tantas rugas, de tantas marcas: A senhora olhava tanto para fora que esquecia do que havia  dentro de si, e então toda tarde resmungava: Calma, a cidade não vai parar se  vocês andarem cada vez mais devagar. E depois sorria quando seu amor da juventude passava e pensava:  Poderia ter me arriscado mais, tentado mais, egoísta que sou desisto fácil. Mas tão bom quanto foi, jamais foi outro alguém. Continuava sorrindo, mas amargurada por ser tão fraca, egoísta e introvertida. Não deixava que ninguém entrasse completamente em seu mundo, em sua vida. Por fim conseguiu olhar a fundo, a si mesma. Então descobriu o quanto deixou de viver, por ser, por se posicionar de forma que ninguém a machucaria. Observou seu apartamento, cheio de gatos e o cheiro de sopa que exalava no ar, sentiu pena de si mesma. Morreu de angustia, mais uma vez, dia após dia, morria.

segunda-feira, 26 de março de 2012

De quem não aprendeu nada com o tempo, a caminhada é curta.

Você fez o que queria, agora senta e não lamenta. Enquanto a vida passa entre a gente, vê se você aprende. Que ser feliz depende do outro.
E não vá culpar alguém, porque você fez sua escolha, e as escolhas jogaram o piche na estrada. Mas já que está sentada, veja quem vem passando e olhando atentamente veja o sorriso de quem a estrada machucou, e veja a beleza na futilidade de quem a estrada educou. E você ali parada, não decidindo nada, alias, você poderia ser a própria estrada, machucando e educando, mas não se pondo e opondo quando mais precisava você só deixava de estar e ia ser feliz em outro caminho que não te traria nada. Ilusões, desilusões de outros, aonde você se encontrava? Como um saco de batatas, jogada. Só observava e se não te agradava mudava de novo de estrada. Nunca tentou se mudar, e nunca tentou o mudar. Então eu te digo pequena e infeliz por ser tão miúda, muda, porque se ficar parada vai acabar em como veio, o nada.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Sincronia Temporal

No começo era erro, amor, tropeço. O tempo desatinou num piscar de olhos e aqui fiquei com o meu erro, amor, tropeço. Inocente mas impulsivo, destrutivo mas perdoado.  O amor continuou erro, amor, magoa. E a gente empurrava com a barriga, ninguém admitia culpa de torturar o sentimento.
Como uma linha do tempo vários fatos se cruzaram, todo esse sentimento errado e causado por duas partes totalmente distintas e apaixonadas não pareciam nada diante das noites mal dormidas preocupada se você iria ficar bem,  se tudo o que fiz já fora esquecido, querendo o teu bem e pensando no que estaria fazendo naquele horário que não nos encontrávamos mais disponíveis a conversar e passar a noite juntos como costumávamos fazer.
Agora passo o dia todo com a mente ocupada, ora pensando em te ver, ora pensando em trabalhar. Anda tudo tão complicado, passado e comprimido. Tanto saudade, quanto amor, tanto amor que de saudade não posso mais agüentar.
O tempo mais uma vez nos deu uma rasteira, e minha cabeça gira em pensamentos sobre se estamos na mesma sincronia.