sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Karina


Numa vida surreal onde o álcool impedia a disritmia e a escrita a libertava, Karina nunca deixava de sonhar. A dias acordará num mundo onde a vida era eterna. A eternidade da vida não fazia ela renovável, com baixo numero de natalidade não existia números que constatassem mortes.
Uma população de idosos e seus andadores a irritava por ser jovem em um universo de gente velha e sábia, onde escolhas eram tão pensadas e perfeitas que chegavam a ser utópicas. Ninguém a compreendia e a dose de vinho barato a fazia melhor por uma noite.
 Quando novamente acordava já estava em outro mundo onde a vida era renovável mas durava uma década, novamente não encontrava ninguém jovem , mais uma vez ela encherá a cara até cair e adormecer pela confusão que lhe fazia ser jovem e velha demais.
Karina transitava entre dois mundos onde ninguém a entendia e só a bebida lhe confortava, não sabia se estava viva, não sabia se era uma personagem delirante de outra mente ou se em algum universo paralelo estava em coma e aquele era o seu mais profundo pesadelo.
Então Karina escrevia em seu caderno cor de laranja esperando que a vida ficasse branca, clara, como um dia de sol. As vezes bebia tanto que no dia seguinte não conseguia ler o que escreverá na noite passada, mas era um prazer escrever e beber, era um prazer para esquecer.
Mas o que Karina esquecia era de ler tudo que escreverá até o exato momento e continuava a se perder entre o surrealismo que era sua mente. Parecia um labirinto gigante o que se passava dentro dela, com paredes feitas de revolta, chão acolchoado e macio, e o céu? O céu era branco e límpido como sonhava que deveria ser a vida.
Enquanto viajava de lá pra cá nesse universo percebeu a importância que seu caderno teria para resolver o mistério que se passava em sua cabeça. Antes de beber ou de escrever, apenas prestou atenção em si e no que tinha escrito. Quanto mais Karina lia mais ela entendia que para encontrar o equilíbrio entre os dois universos era os entender e então um terceiro universo equilibrado apareceria em sua mente e lá ficaria de vez.
Assim que terminou de ler, constatou que eternidade estaria em se arriscar em todas as oportunidades, fazer tudo valer a pena e fazer de uma vez, e que a vida era um segundo que passava bem rápido se mal aproveitada.
Karina não precisou mais beber, ela agora só precisava escrever para homenagear a vida passar num tempo comum, onde existiam crianças, jovens, adultos e idosos. Finalmente se sentiu em casa e descansou embaixo da árvore enquanto o sol queimava no céu azul e límpido.