quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Insentimental

Shirley nunca sentia nada, desde que se entendeu por gente. Nunca ódio, amor, medo, insegurança, ansiedade. Nada.
Ela ia para todo lugar, em busca de algo que não sabia o que era. Ia aos restaurantes na Itália, vinha ao Brasil para o carnaval, ia ao Central Park em Nova York, e visitava as belas paisagens da Cidade Luz. Mas nunca, nunca conseguia sentir, nem por um instante.
Acordou, escovou os dentes, lavou o rosto. Tomou o café da manhã, se arrumou. Saiu e foi ao parque caminhar, para ver se sentia pelo menos um bem estar no vento fresco da manhã. Não, ela não sentia nada. Sentou num banco, ficou observando todas aquelas pessoas felizes, namorados, amigos, famílias e todas aquelas pessoas que passavam por ali sorrindo. Então fixou seu olhar em um rapaz não muito jeitoso, de terno, com os cabelos bem arrumados, e com uma meia listrada e outra roxa. Shirley se perguntava: - Por quê? Por que tanto interesse? Continuou olhando toda interessada, quando finalmente não se via mais o rapaz, levantou-se e foi para a casa, com aquela indagação que martelava em sua cabeça. Shirley sabia que estava sentindo algo, mas não sabia o que era. Era um pouco de curiosidade, um pouco de interesse; mas não, ela não sabia o que era isso.
Então todos os dias levantava cedo para ir ao parque observar o rapaz, certo dia o seguiu até em casa, de tanta curiosidade que estava. O rapaz, ainda de nome misterioso percebeu que Shirley o seguia, então a surpreendeu quando ela estava escondida atrás de uma árvore, e perguntou: -Porque me segue? Ela bem sem jeito logo respondeu: -Nada, nada                                             
Os dois ficaram por ali, conversando durante um longo tempo. Trocaram telefones,  conversaram sobre suas vidas, e se apresentaram: Shirley, Jean, Jean, Shirley.
Pela primeira vez Shirley sentiu vergonha, medo, bem estar e animação.
Logo cedinho, no outro dia. Ela acordou, ficou ao lado do telefone o dia inteiro com a sensação de talvez “será que ele me liga, será que não”. O telefone tocou, e uma sensação de alivio lhe tomou o corpo inteiro. Atendeu o telefone, receosa porém feliz. Quem falava era Jean, a convidando para sair. Shirley, logo aceitou, aceitou no impulso de alegria que enchia os olhos de cor e brilho.
Encontraram-se no parque da cidade, se divertiram muito naquele parque de cidade pequena. No fim da noite Jean a levou para casa, e um beijo sob o luar que iluminava a rua pediu a ela. Shirley, com dezoito anos nunca havia beijado ninguém antes. Ficou insegura, mas aceitou. Seguiu a curiosidade, alegria, desespero, insegurança que sentia, seguiu e foi embora. Pegou carona com o amor e nunca mais sentiu o vazio. O que sentia por Jean, enxia a casa de brilho, e todos as noites a lua iluminava o pequenino apartamento onde moravam, que cheia de amor e alegria se diferenciava dos outros lares.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Da Fraqueza Humana

Ouvindo Led Zeppelin em uma aula de matemática, onde adolescentes parecem vir do jardim da infância, e as matérias do primário. A futilidade das garotas que sentam do outro lado da sala me incomoda, mas não posso fazer nada. 

Por enquanto que ouço Starway to Heaven, sinto o mundo desabar atrás de meus ombros, como se todo o problema, caos e destruição estivesssem lá, ouço me chamarem para encara-los de frente, a maior realidade, encarar. Me nego a ir lá, sou fraca demais. Pois sempre acho que meus problemas são maiores do que posso suportar.Enquanto há pessoas que sofrem mais e vivem bem, por não  acharem seus problemas maiores do que possam carregar.

Sou fraca, sou muito debilitada. Sempre tenho medo, sempre me escondo no egoísmo, não consigo mais tirar essa capa, não consigo viver.
Talvez eu acabe velha e amargurada, mas não desejo isso.
Tenho que me levantar e lutar contra o que sou, e o que não sou. Virarei a minha própria heroína