domingo, 22 de abril de 2012

Das Minhas Pequenas Lembranças


Deitada, no escuro, olhando para a parede, enquanto o alto-falante do celular toca Chico Buarque. Não ouço a porta de  seu quarto abrir, mas noto a sua presença. Ele deita do meu lado, de conchinha. Silêncio, apenas o silêncio.  Depois de algum tempo pergunta se estou ouvindo Samba, digo que sim. Permanece do meu lado, passa o braço pela minha cintura e ali permanece por um tempo. Levanta-se, e vai para o seu colchão. Enquanto em silêncio eu também imploro ‘Fica, por favor, não vai’. Não durmo a noite inteira, em algumas horas eu quem tive de ir, pra sempre.  Seguir em frente? Eu consigo? Você não me ensinou a partir.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Morria, dia após dia


Pela vidraça a mulher idosa passava todas as tardes ociosas de sua aposentadoria, todo dia ás quinze para as seis da tarde observava a correria da cidade que arde naquele verão. Olhava tanto pela janela, que poderia dizer que a janela eram os olhos de sua alma. Curioso um jovem que sempre passava pensava ‘porque tal senhora perde tempo com a cidade cinza que contrasta com a cor da pele brasileira, alaranjada’.  Sem nenhuma resposta o interlocutor que vos fala contara o que se passa por baixo de tantas rugas, de tantas marcas: A senhora olhava tanto para fora que esquecia do que havia  dentro de si, e então toda tarde resmungava: Calma, a cidade não vai parar se  vocês andarem cada vez mais devagar. E depois sorria quando seu amor da juventude passava e pensava:  Poderia ter me arriscado mais, tentado mais, egoísta que sou desisto fácil. Mas tão bom quanto foi, jamais foi outro alguém. Continuava sorrindo, mas amargurada por ser tão fraca, egoísta e introvertida. Não deixava que ninguém entrasse completamente em seu mundo, em sua vida. Por fim conseguiu olhar a fundo, a si mesma. Então descobriu o quanto deixou de viver, por ser, por se posicionar de forma que ninguém a machucaria. Observou seu apartamento, cheio de gatos e o cheiro de sopa que exalava no ar, sentiu pena de si mesma. Morreu de angustia, mais uma vez, dia após dia, morria.

segunda-feira, 26 de março de 2012

De quem não aprendeu nada com o tempo, a caminhada é curta.

Você fez o que queria, agora senta e não lamenta. Enquanto a vida passa entre a gente, vê se você aprende. Que ser feliz depende do outro.
E não vá culpar alguém, porque você fez sua escolha, e as escolhas jogaram o piche na estrada. Mas já que está sentada, veja quem vem passando e olhando atentamente veja o sorriso de quem a estrada machucou, e veja a beleza na futilidade de quem a estrada educou. E você ali parada, não decidindo nada, alias, você poderia ser a própria estrada, machucando e educando, mas não se pondo e opondo quando mais precisava você só deixava de estar e ia ser feliz em outro caminho que não te traria nada. Ilusões, desilusões de outros, aonde você se encontrava? Como um saco de batatas, jogada. Só observava e se não te agradava mudava de novo de estrada. Nunca tentou se mudar, e nunca tentou o mudar. Então eu te digo pequena e infeliz por ser tão miúda, muda, porque se ficar parada vai acabar em como veio, o nada.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Sincronia Temporal

No começo era erro, amor, tropeço. O tempo desatinou num piscar de olhos e aqui fiquei com o meu erro, amor, tropeço. Inocente mas impulsivo, destrutivo mas perdoado.  O amor continuou erro, amor, magoa. E a gente empurrava com a barriga, ninguém admitia culpa de torturar o sentimento.
Como uma linha do tempo vários fatos se cruzaram, todo esse sentimento errado e causado por duas partes totalmente distintas e apaixonadas não pareciam nada diante das noites mal dormidas preocupada se você iria ficar bem,  se tudo o que fiz já fora esquecido, querendo o teu bem e pensando no que estaria fazendo naquele horário que não nos encontrávamos mais disponíveis a conversar e passar a noite juntos como costumávamos fazer.
Agora passo o dia todo com a mente ocupada, ora pensando em te ver, ora pensando em trabalhar. Anda tudo tão complicado, passado e comprimido. Tanto saudade, quanto amor, tanto amor que de saudade não posso mais agüentar.
O tempo mais uma vez nos deu uma rasteira, e minha cabeça gira em pensamentos sobre se estamos na mesma sincronia.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Em Todo Natal.

Em todo, sempre, não há exceções; eu lembro de como era bom. A mesa cheia de parentes, sorriso nos rostos, fartura. O que nem sempre era importante era quem estava presente, mas quem fazia especial do fim ao começo.
Quem me abandonou tão cedo e não sairá da memória facilmente.
E quando chega essa época na qual  ela era mais presente na vida de todos, mais especial e mais brilhante, sou eu quem sente por você ter passado em minha vida tão brevemente. Nenhum de meus primos será capaz de sentir uma gota deste oceano que eu sinto.
A mesa que ela preparava com capricho, o meu cabelo que penteava e aquele vestido amarelo que gostavas tanto, o cheiro de canela que invadia o quarto todas as manhãs, até o seu beijo de ''boa noite' que me dava no rosto. Eu guardei, eu vou guardar tudo isso. Quem sabe me torne mais forte, amanhã ou depois.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Vem cá, meu ciumento favorito. Deixa eu te mostrar porque és único.

Coloca a mão no meu peito, sinta o quão rápido meu coração pode acelerar e desacelerar, só de estar perto. Talvez isso não seja só besteira adolescente, talvez isso seja um sentimento infindável que carrego aqui.

Então garoto, não tenha medo, não tenha ciúmes. Sou tão tua, quanto você é meu. Confia no que pode sentir que posso te fazer confiar no que nunca sentirás também.